Depois de inúmeros pedidos dos
nossos leitores, o Portal Soterorockpolitano retorna com mais uma série de
entrevistas trazendo aquelas pessoas que estão movimentando a cena roqueira
local. Agora sob o nome “Mais uma Cara do Rock Baiano”, iniciamos este trabalho
com uma figura veterana e carismática do cenário baiano: Pingo Crust. Em um
papo descontraído pela rede social, ele falou sobre como é ser uma banda de um
homem só e a sua inusitada formação, a cena rocker e sobre o primeiro cd da
Kalmia, que é justamente por onde começamos a nossa conversação...
Soterorockpolitano - O cd de
estreia da Kalmia foi gravado em um ensaio ao vivo, não foi?
Pingo Crust – Isso! Por isso o
vocal tá um pouco longe, foi somente um microfone captando tudo.
SRP – A versão promo de “Jovens
Negros em Extinção”, encontrada na coletânea virtual “Crushead II”, também foi
gravada no Two Tone Estúdios?
PC – “Jovens Negros em Extinção”,
na versão promo, foi gravada a bateria no antigo Black Home Estúdio, lá no
Bonfim, e a guitarra, baixo e vocal por mim mesmo na minha casa.
SRP – Você também gravou a
bateria dela?
PC - Não, o Glauber é um moleque
que ensinei a tocar, toca melhor que eu hoje em dia e é fominha de bateria, daí
ele a gravou.
SRP - Sim, rapaz, banda de um
homem só? Gostei dessa!
PC – Sim! O lance de banda de um
homem só é o seguinte: Eu tocava em outras bandas, mas sempre tinha que fazer
tudo, desde marcar ensaio, fazer bases e até mesmo afinar os instrumentos. Aí
se ligue, eu me lenhava sozinho e não via resultado nenhum. Daí me retei,
montei a Kalmia sozinho com a ideia de criar tudo. E para tocar, chamar alguns
amigos coligados mesmo. Inclusive, a Kalmia não tem formação fixa, pois quando
um não pode tocar, outro coligado se junta pra fazer a coisa funcionar.
SRP - Isso é incomum por aqui,
alguém tomar a frente de realmente tudo, inclusive tendo formação não fixa da
banda para as apresentações ao vivo.
PC – Sim, sim. Eu tenho como
influência as bandas Besthovem, de brasilia, Toxic Holocaust, de Portland, e
Whipstriker, do Rio de Janeiro. Bandas
que funcionam desse jeito.
SRP - Ainda sobre o lance de ser
banda de um homem só, acontece alguma reação das pessoas sobre esse fato? Por
você optar por esse formato?
PC - Normalmente as pessoas se
impressionam, mas acham interessante e válida a proposta.
SRP - E o som da banda parte bem
para o metal e vai bem alem do punk, considerando que o punk faz parte da sua
formação musical. Como você definiria o som da Kalmia?
PC - O som da Kalmia soa como
crust-core que é uma vertente do punk que flerta com o metal mais extremo
(death metal), mas ao mesmo tempo soa como as bandas hard-core dos anos 1980 da
Suécia. Minha principal influência é o Anti-Cimex e Crude SS, bandas que
possuem essa característica mais "truculenta" digamos no hard-core.
SRP - Você compôs todas as
letras? Vejo que elas são de protesto, principalmente de cunho social, e também
tratam da dura realidade das ruas...
PC - A maioria é minha, existem
três que são letras de amigos, como por exemplo: “Exercito de Mendigos” que foi
escrita por um amigo meu, o Rafael Pinto (Kbeça), “Guerrilha Civil” foi escrita
por Daniel Sobral, da antiga banda Podre Realidade, e “Doença Mental” que foi
escrita por mim e por Victor George (Jirimun). Nas letras eu busco falar
justamente dessa problemática social, dura realidade das pessoas que vivem em
situação de rua etc. busco enaltecer também a contra cultura punk.
SRP - Para quem vive em Salvador,
o tema é um prato cheio...
PC – Sem dúvida...
SRP - Você atua na cena ha muito
tempo, como você a enxerga nos dias de hoje?
PC - Por conta da iniciativa de
alguns conhecidos meus, a cena está aos poucos dando uma "aquecida".
Estão acontecendo alguns gig's no Subúrbio e na Boca do Rio com o Arranca
Canela, mas o problema continua sendo falta de espaço. Hoje boa parte do
pessoal amadureceu, possui equipamentos próprios o que já facilita e muito.
Atualmente os agitos punk's tem acontecido com mais frequência na cidade
vizinha (Simões Filho), que inclusive tem realizado gig's de bandas importantes
nacionais e internacionais. Esqueci de mencionar dos agitos na cidade baixa,
que também estou caçando algum espaço pra fazer as tocadas punks. Gig's,
intervenção cultural, performance, exposição etc.
SRP – Além das bandas que você já
citou durante a entrevista, o que mais tem escutado ultimamente e o que ainda
escuta desde os primórdios?
PC - Ultimamente Tenho Escutado
uma banda sueca chamada Agrimonia, uma londrina chamada Agnosy, que são bandas
crusties. Conheci recentemente uma banda muito boa chamada Motorama, tenho
escutado também The Chuch, Lupercais, que foi uma banda post punk gótica muito
interessante de Brasilia. Dos primórdios continuo a escutar Rattus, Anti-Cimex,
Fear Of War, Crude SS, ROT Sonic Youth, antigas coletâneas como SUB e Ataque
Suicida... Um monte de coisa... rs...
SRP - Por último, a gente deixa
um espaço para o entrevistado deixar uma mensagem para os nossos leitores. Pode
ficar a vontade!
PC - Primeiramente fiquei
bastante entusiasmado em participar da entrevista contigo, você é uma pessoa
que faz parte da minha formação "musical" desde os tempos dos ensaios
da L.V.P. Fico bastante grato pelo espaço cedido à Kalmia no programa e pelo
fomento da cultura underground soteropolitana. Um salve às bandas parceiras:
Sbórnia Social, M.D.C, Orelha Seca, Rankor, Mácula, Agnósia, bandas estas que
estão movimentando a cena, um salve pra rapaziada da Cidade Baixa que sempre
comparecem nos gig's e até a próxima! Up the Punx! Clique aqui para conhecer!