Pular para o conteúdo principal

Nos trilhos do bom rock’n roll.*


A Bahia é um estado imenso, o que é bem verdade. E não há como contestar o fato de que há rock sendo feito em cada canto que exista nesta terra. Assim como na capital, o interior também possui suas bandas e suas cenas, com suas rotinas e esforços para manter as suas atividades sem que elas percam o seu ritmo e isso não seria diferente na cidade de Itabuna.

É de lá a banda desta resenha, a Locomotiva. Em atividade desde o ano de 2012 o quinteto faz um som bem fincado no hard rock e no classic rock com pegada blues, porém com uma veia que transita entre o final dos anos oitenta para o início dos anos noventa e com um clima de bar pegando fogo e pé na estrada levantando poeira. Uma referência como o Guns’n Roses é bastante forte no som dos rapazes itabunenses.

A obra começa com Recompensa, uma intro inicial que emula o ambiente de um saloon do velho oeste com o som de muitas vozes conversando e gargalhando, bebidas sendo servidas e atmosfera agitada. No Rastro do Sol começa com velocidade, vocal rasgado e solo de guitarra veloz, sem perder o ritmo até a faixa acabar. Em Álcool e Fogo um slide guitar dita o clima da canção enquanto o vocalista versa sobre como ele e sua parceira representam a combinação quente e perigosa desses dois elementos quando estão juntos. Na Contramão se inicia com um baixo bem pulsante e presente, para depois entrar a banda com um clima hard rock noventista, celebrando as boas memórias compartilhando uma boa bebida com os amigos e em busca de uma boa diversão. Boa faixa! Loucomotiva tem uma intro ao som de um trem acelerado, assim como a música, mesmo nas partes mais groovadas, bons riffs, mais um bom solo de guitarra e cozinha conversando bem. Talvez a melhor do disco. Só Mais uma Dose encerra a obra no mesmo clima em que começou, festejando o fato do final de semana chegar, de cair nas brejas e não parar de se divertir um segundo até a noite acabar, isso tendo uma trilha vigorosa ao fundo.

Nesse primeiro EP da Locomotiva fica evidente a influência da banda do Axl Rose no seu som. Seja nos vocais, nas guitarras, no baixo ou na bateria, a referência está lá, mas isso não é algo ruim. Em alguns momentos a sonoridade deste debut deixa um pouco a desejar, mesmo não comprometendo o desempenho do quinteto de Itabuna que parece ter se entregado de corpo e alma nas gravações. É um som divertido, dá para colocar fácil no repeat e seguir com a festa. É bom rock vindo do interior!



*Matéria originalmente publicada em 23/02/2016.

Popular Posts

As 10 Caras do Rock Baiano - Com a Banda Vômitos, "Punk Rock pra mendigo!"

O Portal Soterorockpolitano foi buscar na cidade de Barreiras os entrevistados da oitava entrevista da série “As 10 Caras do Rock Baiano”, são eles o guitarrista Rick Rodriguez e o vocalista Tito Blasphemer, da banda Vômitos. Nessa entrevista eles falam sobre as condições da cena da sua cidade e do esforço para mante-la ativa, suas influências e a inspiração para as suas letras, além da repercussão do clipe da música “Facada”, que já chegou a mais de 3.000 visualizações no Youtube. Então, ajeite-se na sua cadeira e fique ligado para não tomar uma facada no bucho. Soterorockpolitano - Como e quando surgiu a banda? Rick Rodriguez - A banda surgiu em 2007, tínhamos um interesse em comum, que era o punk rock, e isso nos motivou a formar a banda na época, começamos tocando músicas dos Ramones, que era nossa banda preferida e logo em seguida começamos a compor, e ter nossas próprias músicas. Tito Blasphemer - Estávamos cansados da cena de nossa cidade, bandas que

Resenha: Revista Ozadia, número zero.

Sou um apreciador recente de quadrinhos, e já há algum tempo venho acompanhando o que vem sendo feito de bom neste ramo e fico salivando por novidades dos meus autores preferidos. Ao mesmo tempo que, assim como no rock, é muito bom saber que há uma movimentação local na produção de HQ’s e que essas produções saem de mãos talentosas e possuidoras de uma liberdade criativa que se iguala à música que aprecio. A mais recente novidade é a edição de número zero da revista Ozadia, que é uma compilação de cinco histórias eróticas escritas pelas mãos de sete quadrinistas e roteiristas daqui da Bahia. Lançada com o apoio do selo Quadro a Quadro e ganhando popularidade a cada dia que passa, a revista tem dois aspectos importantes para ser lida mais de uma vez: uma ótima fluência no seu texto e traços inspiradíssimos de seus desenhos. De Ricardo Cidade e Alex Lins, “Especimen” abre a Ozadia com uma ótima ficção cientifica pornográfica, onde a heroína sai em busca de coleta de amostras de um

4 Discos de Rock Baiano, a compilação das cinco publicações. Por Leonardo Cima.

Movidos pelo resgate da memória da cena independente da Bahia, no qual o selo SoteroRec tem feito com o Retro Rocks desde o inicio deste ano  e por todas as ações que o cenário também tem feito nesse sentido, decidimos trazer uma compilação especial do nosso site para você que nos acompanha.  Em 2017, o Portal Soterorock fez uma série de matérias que destacava alguns dos principais discos de rock lançados na Bahia ao longo dos anos. Essa série se chamava "4 Discos de Rock Baiano" e como o nome sugere, quatro discos eram referenciados nas matérias.  Foram ao todo cinco publicações com bandas/artistas de gerações distintas reunidas nesta coletânea.  Você vai encontrar aqui pontuações sobre as obras e o mais importante: o registro público sobre elas, para que possam ser revisitadas e referenciadas ao longo dos anos. Passar em branco é que não pode! O aspecto positivo de se visitar essas postagens é a de ver que a maioria das bandas e artistas citados nelas ainda estão em ativida