Quando você acha que não vai
ver mais alguma maneira diferente de expandir o alcance de um disco, eis que
uma banda da cidade de Paulo Afonso surge com uma proposta diferente de
plataforma de divulgação da sua música: uma história em quadrinhos. Nesta sexta
feira (12/05), o grupo Órbita Móbile lança, em seu site www.orbitamobile.rocks,
a graphic novel Jan & Jim Sonho Robô – Crônicas de Forquilha Town, sendo
essa inspirada no disco de estreia do quarteto.
Possuindo formato digital e
impresso (que será distribuído gratuitamente nas escolas, bibliotecas e ONGs do
território de Itaparica, na região Norte da Bahia), com o argumento de Augusto
Kuarupp (vocalista) e ilustrações do artista Mauro Caparroz, a HQ traz as
aventuras de Jan e Jin em um futuro distópico na cidade de Forquilha Town. Na
história, ambos encontram um algoritmo de inteligência artificial que estimula
as sinapses para simular sonhos, isso dentro de um mundo em que as pessoas não
conseguem mais sonhar. Um bom clima de ficção científica para um disco de
atmosfera sci-fi.
O Sonho Robô tem essa
vibração em suas composições e isso fica bem claro logo em sua primeira música,
Embalado à Vácuo, possuindo sintetizadores em bastante evidência, um discreto
órgão panorâmico passeando de um ouvido ao outro, texturas sintéticas de
guitarra e uma influência forte de mangue beat. Em O que Mais uma guitarra mais
groovada chama o conjunto de metais que tem uma presença significativa nessa
canção com bons arranjos, assim como na boa colocação das backing vocais
femininas no refrão da letra, onde o autor procura saber o que mais o outro
alguém vai querer dele. A faixa título se inicia com um momento mais
psicodélico dentro da obra, se aprofundando ainda mais no seu conceito com arranjos
vocais interessantes, com e sem efeitos, para depois crescer em uma velocidade
futurista e frenética até o seu final.
O Sorriso da Lua Minguante é bela e
misteriosa, levada por guitarra e flauta calmas e com uma programação ao seu
fundo, que mantém a sua paisagem flutuante intacta, preparando o caminho para A
Balada do Abalado. Esta possui um pouco do clima da sua antecessora e traz de
volta o lado mais aceso da obra, como uma mescla de tudo o que Sonho Robô possui.
Encerrando o disco, Rota do Tempo surge com uma levada mais empolgante cheia de
velocidade e momentos de ápices explosivos, como se estivesse dentro de uma
sequencia final de uma história prestes a se resolver.
Esse trabalho de estreia da
Órbita Móbile tem um ótimo resultado em sua sonoridade, onde as texturas encontradas
aqui foram bem escolhidas pela banda, que soube dosar essas investidas de
maneira que não ficassem demasiadas. De fato, o clima futurista permeia o Sonho
Robô na sua música e em seu texto, com ótimos instantes de sopros e vozes, com
guitarras, sintetizadores e as programações fazendo a liga por entre as faixas.
O seu conceito foi bem amarrado e prepara bem o ouvinte para o que ele vai ler
na graphic novel que vai chegar.