A Jato Invisível é detentora
de um dos discos mais aguardados deste ano de 2017. O Veiculando Neuroses levou
bastante tempo para ser lançado, não só pelo fato de ter se passado um ano do
final da sua gravação até o dia do seu lançamento, mas também pelo período no
qual o grupo esteve fazendo shows com uma boa frequência antes de entrar no
estúdio para executar mais essa empreitada. E isso fez bem para a banda, que
amadureceu de forma significativa as músicas que estão nessa obra.
Produzido pelo Irmão Carlos,
este novo EP da JI possui cinco faixas fortes, em letra e musica, com um texto
bastante pessoal e punchs sonoros bem pegajosos, respectivamente. Fato que é
também visualmente muito bem expressado na capa do disco feita por Sérgio
Moraes. Tudo isso faz com que o ouvinte crie uma identificação interessante com
o que se escuta. No decorrer do disco há participações especiais interessantes,
como a do escritor Sandro Ornellas em uma das faixas e a do Irmão Carlos tocando
teclado na primeira e quarta faixas.
O disco abre com O Que Eu
Espero Pra Mim, com instrumentos intensos já nos seus primeiros segundos, com
riff pesado, cozinha redonda e encorpada, teclado de sonoridade soul setentista
do Irmão Carlos, solo de guitarra muito bem encaixado em seu trecho e uma letra
de perfil genuinamente rock’n roll de primeira: “Ao duvidarem de mim eu
consegui seguir, quando alguém me diz que não vai dar certo/Eu vou em frente e
agradeço os seus conselhos, mas a cara é minha/Eu vou em frente, eu quebro se
eu quiser”. O Rock agradece! Esperar Sentado (alguma coisa) é uma das primeiras
composições do conjunto, de uma época antes mesmo a do seu primeiro trabalho, e
que surge aqui com uma sonoridade mais atual. É nela que o Sandro Ornellas
recita o seu poema e onde a linha de baixo ganha destaque especial. Se Vira é
uma das faixas mais empolgantes do EP, com refrão pegajoso e mais riffs de
guitarra que marcam bem a base da composição, como um bom punk rock radiofônico
da virada dos 1970 para os 1980.
Em Se Faz Bem a banda tira
um pouco o pé do acelerador com uma faixa mais sombria, uma balada que beira um
caminho mais atmosférico e que segue para um refrão explosivamente denso, onde
o teclado do Irmão Carlos retorna para dar mais textura a esse clima. A
sequencia de canções se encerra com a faixa título. Veiculando Neuroses é, em
minha opinião, o ponto alto da obra, sendo possuidora de arranjos empolgantes,
melodia certeira, quebra de andamento no meio da composição, com a guitarra em
evidencia sem tomar o lugar dos demais instrumentos, uma crescente instrumental
que prepara o campo para o solo e a voz duplicada da Sioux Costa criando um
afeito quase que robótico no seu vocal, tudo isso em um pouco mais de dois
minutos. É certo um repeat nela e no disco todo!
Para além de um dos discos
mais esperados, Veiculando Neuroses é um dos melhores lançamentos deste ano. Nesse
momento, a Jato Invisível trouxe bem as suas referencias para esse registro,
juntamente com o bom entrosamento que os seus integrantes desenvolveram com esta
sua formação. Com influencias de punk, pos-punk, BRock e indie, e com um bom
texto encontrado nas composições, a JI dá um passo adiante no seu som, juntando
esses elementos à sua criatividade e levando esse disco para suas apresentações
com bastante fidelidade sonora.